Na pressa em julgar o que acreditamos ser diferente, acabamos nos esquecendo de agradecer o incrível trabalho que o diferente nos presta em ajudar a identificar quem realmente somos. A existência do diferente ajuda a identificar o semelhante e a reconhecer o "eu" dentro do semelhante. É incrível como, quando encontramos nós mesmos, através do diferente, ao invés de festejarmos e apreciarmos o "eu" recém encontrado, preferimos dirigir nossa atenção para o diferente como se precisássemos proteger o "eu" recém encontrado do ameaçador "diferente" que há no outro. Será que há algum traço de generalização e fraqueza nessa abordagem?
Você lembra? Nos primeiros momentos da sua vida, você conseguia aceitar admiração, atenção e respeito tudo aquilo que não era. Mas já faz muito tempo, não é mesmo? Claro, essa tarefa era fácil porque você não tinha consciência do que era e parecia que o "tudo" estava fora de você. Naquele tempo, você absorvia o "tudo" como se fosse o único caminho para que pudesse se tornar quem é e cumprir sua missão de vida. E, à medida que alguns foram absorvendo e aceitando o "tudo", foram se tornando também parte desse todo; ou, pelo menos, tomando consciência de que eram, primeiro, parte do todo e segundo, foram se conscientizando a respeito da própria identidade. Com o tempo, alguns esqueceram que eram parte do todo e ficou só a própria identidade.
À medida que passamos a acreditar que já somos grandes e provamos néctar sedutor do poder ilusório de julgar, abrimos mão do direito de admirar e agradecer a existência da diferença. Nesse momento, passamos a nos comportar um pouco como o Narciso e perdemos a oportunidade de aprender com o diferente que insiste em existir inclusive (e principalmente) dentro de nós mesmos.
E ao julgar o diferente, criamos conflitos intermináveis criando verdadeiras tempestades internas. Nesses casos, pode não ser muito sábio lutar contra a tempestade. Talvez seja mais prudente abraçá-la e, ao fazê-lo, como uma criança que ainda não aprendeu a ter medo de cachorro, você pode descobrir formas criativas de se tornar calmo no meio dessa tempestade e até de se perceber como parte dela. Quando você conseguir fazer isso, o sábio que existe em você conseguirá repartir sua calma e sabedoria com a tempestade e tanto você quanto ele ganharão o direito de usufruir da força e poder transformador desse novo e poderoso aliado.
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